Reisado

 

O costume de louvar o nascimento de Jesus com cantos, danças e visitas às casas dos moradores, tem origem em Portugal, de onde foi transmitido para o Brasil pelas trilhas da colonização. Lá se chamava janeiras e reiseiras ou reisadas e as visitas começavam no Natal e só terminavam nas festas dos Santos Reis, no mês de janeiro. De reiseiras passou entre nós a ser chamado de Reisado, o folguedo mais representativo do ciclo natalino, tendo o Nordeste como seu território de referência. Mas a louvação à Natividade recebe nomes variados pelo Brasil, como Folia de Reis, Boi de Reis e Terno de Reis. Mesmo quando se profanizou, o Reisado manteve as características mais importantes da contribuição portuguesa como o cantar Benditos; as loas ao Menino, sua mãe Maria e a São José; a organização em cordões, o azul e o encarnado; os pedidos de abrição de porta ou pedição de sala para começar a apresentação; os cantos com solo e estribilho; as homenagens às pessoas com versos e entremez e as despedidas. Cantos, danças e entremezes compõem o roteiro do Reisado, onde participam elementos humanos, animais e fantásticos. Os brincantes ou figural são conduzidos pelo Mateus ou Caboclo, que divide com a Dona Deusa, o desenvolvimento do folguedo.

Hoje é dia de reis

Manjedoura está em festa

A estrela de Davi

O meu boi cravou na testa

Um dos dois tem a honra de segurar o partidário, um estandarte de duas bandeiras, nas cores dos cordões, com um mecanismo que permite subir as bandeiras conforme as contribuições financeiras que uma das alas consegue. Em recompensa aos doadores, as brincantes entregam uma florzinha de papel crepom às pessoas que contribuíram. Nos dois cordões, personagens como a Borboleta, o Guriatá, o Bambu, a Cigana e a Camponesa vão ao centro quando chamadas pelo Mateus para dizerem a sua parte. Os elementos fantásticos são o Boi e o Jaraguá, construídos com uma carcaça da cabeça de Boi e outra de Cavalo, cobertos de chitão, tendo no seu interior um brincante que lhe dá vida e movimento. Do brincante do Boi e do Jaraguá é exigido muito preparo para dar realidade à sua animação, investindo, sem tocar, nos que assistem ao folguedo, provocando correrias e risos. Os tocadores acompanham as músicas. Valsas, marchas, chula, benditos e loas são tiradas do conjunto formado por sanfona, bumbo, pandeiro, triângulo e, em casos especiais, acompanhados de um cavaquinho. Os traços dramáticos do Reisado podem ser identificados não só pelo estremez, mas sobretudo pela entrada do Boi, suas investidas e brincadeiras com os presentes, a dramaturgia da sua morte, partilha e ressurreição. Conhecida como chamada do boi, entrada do boi e divisão ou partilha simbólica de suas partes, esse momento possui versos de grande poder histriônico, pois, as melhores partes do animal são destinada para os amigos e as piores para as pessoas que desejam constranger. Com o renascer do Boi, a brincadeira continua, pois, o Reisado só é completo com o Boi. São encontrados grupos do folguedo em muitos municípios sergipanos.

 

São destacados os Reisados do município de Laranjeiras:  Bom Jesus dos Navegantes, Flor do Lírio, Benjamim, reisado de Nadir, São Benedito, Menino Jesus, Sagrado Coração de Jesus; em Estância: Sete Estrelinha e Mulatinhas Dengosas; Pirambu: o reisado Marimbondo; em Japaratuba: o de Dona Bizu de; em Japoatã, o Reisado Prima com Prima e o de Dona Vavá; em Itaporanga D’Ajuda: o Santo Antônio, o Filhas de Maria, e o de Juarez; na Barra dos Coqueiros: o reisado da Barra; Moita Bonita: o Baile Estrela, o Reisado da Melhor Idade e o Familiar Pé de Serra; Reisado São José de São Miguel do Aleixo; o Reisado da Terceira Idade de Frei Paulo; os Reisados Sergipano de Guarujá, o da Paz e o infantil de São Cristóvão; o grupo Filhas de Maria de Santa Rosa de Lima; Reisado de dona Anúsia de Santo Amaro das Brotas; e o grupo de reisado Manuel Joaquim de Cristinápolis; em Rosário do Catete o Reisado 12 Estrelinhas.