Taieira

A talheira, denominação antiga do folguedo, já fazia suas apresentações na Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, na Bahia, em festejos importantes como nas comemorações pela celebração do casamento de Dona Maria I com Dom Pedro III, de Portugal e Algarves, realizado em junho de 1760. O som do tambor e dos ganzás, chamados de querequeché, anunciam a chegada das Taieiras. De forte influência africana, ligada ao culto nagô, se apresenta em louvor à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito, santos protetores dos negros. Sendo uma dança-cortejo de intenção religiosa, estão presentes nas festas dos seus Santos de devoção, no Natal, para louvar o Menino Jesus, no Ano Novo e no dia dos Santos Reis, quando a rainha das Taieiras é laureada, com a coroa de Nossa Senhora do Rosário, pousada sobre sua cabeça, pelo Padre, durante a missa. Terminada a cerimônia, as Taieiras saem da Igreja, sem dar as costas para o altar, passando o cortejo para as ruas. Integram o folguedo, as Taieiras que usam trajes com blusa vermelha e saia branca, adornadas por laços de fitas coloridos, e chapéus brancos igualmente enfeitados com fitas e flores vermelhas, levando nas mãos as varetas, feitas de madeira, forradas com papel colorido e encimadas com flores, ou ainda pequenas cestas enfeitadas com fitas e flores; o Ministro, que acompanha de perto o Rei; a Rainha, chamada Perpétua, que veste um traje diferenciado e carrega manto e coroa dourada ou prateada feita com papelão e papel laminado; as Guias, que lideram os cordões e usam a mesma indumentária das Taieiras, diferenciada por uma fita que cruza o peito; as Lacraias, brincantes que seguram a sombrinha para a Rainha, com trajes iguais as Taieiras; os Capacetes, meninos que guardam o Rei; e o Figural ou Patrão, que toca o tambor. O grupo, dividido em dois cordões dançam e cantam.

Tirante: Sinhô São Binidito, taiê

              São Binidito, valei-me!!!

Coro: Sinhô São Binidito, taiê

          São Binidito, valei-me!!!

A dança tem uma coreografia simples e sincronizada pela música e pela batida das varetas, que cadencia o ritmo nos chamados combates, quando cruzando ou girando em um movimento chamado de meia lua, demostra uma grande beleza estética. São destacados os grupos dos municípios de Japaratuba, Lagarto e Laranjeiras.

 

A Taieira de Laranjeiras é a mais antiga manifestação desse folguedo em Sergipe, cujo ponto alto é a coroação, quando o badalar dos sinos e o estourar dos fogos de artifício, anunciam para a cidade que a Rainha foi coroada. Participam desse momento de festa os demais grupos que louvam o dia dos Santos Reis, como os Cacumbis, a Chegança, o Reisado, o Samba de Pareia, com suas coreografias.