Barco de Fogo

 

 

A tradicional manifestação do município de Estância foi uma criação do fogueteiro Antônio Francisco da Silva Cardoso, conhecido por Chico Surdo, cujas primeiras citações datam do final da década de trinta do século XX. A ideia era fazer um barco que não precisasse das águas do Piauitinga para navegar. Para tanto, inicialmente, confeccionou um barco de papelão grosso, movimentando dois foguetes, que deslizando sobre um arame preso em dois mastros, passando de um lado a outro do rio. O modo de fazer foi se aprimorando com o correr dos anos, e a brincadeira foi se tornando o elemento mais significativo das festas juninas da cidade. Atualmente, um fio de aço de trezentos metros, atravessa dois pontos da praça Barão do Rio Branco, em Estância, permitindo o deslizamento dessa alegoria pirotécnica, de cerca de um metro de comprimento, com armação de madeira recoberta com papel colorido, fazendo dos seus foguetes na proa a força que lhes dá movimento. A viagem é facilitada por uma roldana que desliza sobre o cabo de aço, e durante o tempo de ida e volta, o barco vai queimando girândolas e espadas que se transformam num rendilhado de fogo de beleza inconfundível. O barco vive no imaginário dos fogueteiros da cidade, que a cada ano enriquecem o invento com novidades, no qual o fogo é realmente o grande homenageado. É uma das mais empolgantes atrações dos festejos juninos do município de Estância.

 

O Barco de Fogo se movimenta deslizando sobre cabos de aço a partir da explosão das espadas feitas com pedaços de tabocas, enroladas com cordão de algodão e preenchidas com pólvora, pisada por no mínimo uma hora. Para que a pólvora não empedre é adicionada cachaça. O Barco carrega quatro espadas, duas para ir e duas para voltar. O fogueteiro leva até uma semana para construir o Barco. Em 2003, o Barco de Fogo foi reconhecido Patrimônio Imaterial de Sergipe.