Bacamarteiro

Originalmente, bacamarteiro ou barcamatista é a denominação do militar integrante da infantaria do Exército Imperial Brasileiro, destacado na Guerra do Paraguai, referindo-se ao soldado que manuseava o bacamarte, uma arma de fogo de cano curto e largo, carregada com pólvora seca e com um poder de fogo mortal. Findo o conflito, o bacamarte passou a ser utilizado na defesa pessoal e da propriedade, notadamente no interior do nordeste brasileiro e, no período junino, quando as comunidades se reuniam para brincar, cantar, dançar, tirar versos e tomar uma boa pinga, era usado como desafio à valentia. Para atirar, o bacamarteiro adotava posições bem difíceis, ora com a arma sobre a cabeça, ora por baixo de uma das pernas, quando o bom atirador não cai com o arrojo da pólvora. Só os mais fortes conseguiam manter o equilíbrio nas posições desafiadoras que tomavam. O bacamarte se transformou em elemento de cena no ato de dançar, e seu canto é um convite para se encantar:

Sinhá é hoje que a palha da cana avoa...

Oi sinhá é hoje que ela tem de avoar!

Embora não possua personagens específicos, um grupo é formado pelos Atiradores; o Mestre do Apito, que coordena as descargas de tiro; as mulheres cantantes e dançantes do Samba de Coco; o Tirador de Versos ou Coqueiro; e os Tocadores, que se ocupam dos pandeiros, ganzás, reco-recos, onças ou ronqueiras. O Coqueiro apresenta seus versos respondidos pelas mulheres que também sambam com um gingado animado. O momento mais importante da apresentação é o da salva de tiros, a razão de ser do grupo. Quando atiram, nem cantam, nem dançam, pois, é o grande momento de suspense e reconhecimento com aplauso para os melhores atiradores. O espaço de sua apresentação é sempre um lugar aberto, para assegurar a integridade dos que assistem. A destreza em atirar põe em destaque os melhores atiradores, que provam quem é cabra da peste que não teme fogo. Estão presentes nos municípios de Capela, Carmópolis e General Maynard.

 

O Batalhão de Bacamarteiros de Carmópolis foi constituído no final do século XVIII, como um grupo de Samba de Roda por escravos dos canaviais do entorno do povoado Aguada. Somente depois da Guerra do Paraguai, o bacamarte foi introduzido nas apresentações. O Batalhão Pinga Fogo de General Maynard e Os Bacamarteiros de Capela são acompanhados pela banda de Pífanos, sem dançarinos.